Investimento Estrangeiro Atinge Níveis Recordes em 2025
Os investimentos estrangeiros na Bolsa de Valores brasileira (B3) estão em alta em 2025, após um ano de desempenho negativo em 2024. No primeiro semestre deste ano, o fluxo líquido positivo alcançou R$ 26,9 bilhões, considerando as ofertas públicas iniciais (IPOs) e emissões subsequentes (follow-ons). Este é o maior valor registrado desde o segundo semestre de 2023 e o melhor resultado para um primeiro semestre desde 2022, que teve um saldo de R$ 68,75 bilhões.
Além disso, mesmo ao considerar apenas as operações de compra e venda no mercado secundário, o saldo se manteve expressivo, atingindo R$ 26,45 bilhões. Esse número é comparável ao segundo semestre de 2023, que registrou R$ 27,84 bilhões, e representa o maior volume para primeiros semestres desde os R$ 51,91 bilhões contabilizados em 2022.

Resultados do Segundo Trimestre de 2025
No segundo trimestre de 2025, o saldo líquido com IPOs e follow-ons foi de R$ 15,92 bilhões, o melhor resultado para esse período desde o quarto trimestre de 2023, que teve um fluxo de R$ 35,95 bilhões. Excluindo as operações primárias, o fluxo líquido ficou em R$ 15,81 bilhões, também o maior desde o final de 2023. Desde 2022, foram registrados fluxos trimestrais positivos em nove dos últimos quatorze trimestres, com cinco trimestres apresentando resultados negativos.
A análise das consultorias aponta que o capital estrangeiro tem sido influenciado por diversos fatores, como o cenário macroeconômico global, a política monetária dos Estados Unidos, a estabilidade fiscal no Brasil e eventos políticos internos. Após três trimestres consecutivos de saídas líquidas em 2024, algo inédito desde 2022, a situação começou a se reverter no primeiro trimestre de 2025, com um saldo positivo de R$ 10,99 bilhões. Essa tendência se consolidou no segundo trimestre.
Aumento das Operações com Ações
No primeiro semestre de 2025, o volume financeiro das operações de ações realizadas por estrangeiros também aumentou. O total de compras alcançou R$ 1,79 trilhão, um crescimento em relação aos R$ 1,59 trilhão do mesmo período de 2024. As vendas somaram R$ 1,76 trilhão, continuando a recuperação iniciada no segundo semestre do ano passado. Durante o segundo trimestre de 2025, as compras por investidores estrangeiros totalizaram R$ 939,3 bilhões, o maior volume desde o quarto trimestre de 2022, enquanto as vendas totalizaram R$ 923,5 bilhões.
Impacto no Ibovespa e ETFs
Esse aumento nas negociações demonstra que a presença de capital externo na bolsa brasileira vai além de ajustes pontuais, refletindo um retorno mais estruturado dos investidores estrangeiros. Esse fluxo positivo de investimentos contribuiu para o desempenho do Ibovespa, que atingiu novas máximas históricas ao ultrapassar os 140 mil pontos no primeiro semestre de 2025. O interesse dos investidores internacionais também se evidencia no ETF EWZ, que replica o índice MSCI Brazil, registrando uma valorização de 27,9% no ano até agora, superando o desempenho do ETF de mercados emergentes MSCI EM, que subiu 14,3%.
Desafios e Expectativas Futuras
A recente reprecificação global de ativos, especialmente com a saída de US$ 12,3 trilhões das ações americanas durante uma crise tarifária em abril, criou oportunidades para realocação de capital em várias partes do mundo. Apesar de o Brasil ter captado apenas 0,3% desse total, o país se beneficiou da busca por diversificação de portfólios e da melhora em indicadores como câmbio, commodities e juros reais.
Entretanto, as consultorias alertam que ainda é prematuro afirmar que estamos em um novo ciclo sustentável de entrada de investimentos. O comportamento dos investidores estrangeiros continua a ser influenciado por indicadores de risco-país, a trajetória da dívida pública e decisões do Banco Central, além de fatores como inflação e juros globais. Para manter esse movimento de entrada de capital, o Brasil precisa garantir credibilidade fiscal e estabilidade macroeconômica.